fbpx

A Ciranda de São João

Saí para caminhar na praia ontem à noite. Fazia frio e havia poucas pessoas. Dei alguns passos e me deparei com um quiosque enfeitado de bandeirinhas de festa junina.

No mesmo instante, fui transportada para a casa onde eu morava quando era criança. Me vi sentada com minha mãe e minhas irmãs, cercada de rolos de barbante, tubos de cola, tesoura e bandeiras de todas as cores. A gente passava horas colando uma por uma. Depois, aguardávamos ansiosas o momento de pendurá-las.

Nós morávamos em uma pequena ladeira de paralelepípedo, só de casas. Era sem saída e se aplanava no fim. Todo mês de junho, a vizinhança interditava o espaço plano para fazer uma grande festa. Surgia um semicírculo de pescaria, jogo de argolas, boca do palhaço e diversas barracas. No meio, uma fogueira imensa se erguia.

Quando a festa começava, os adultos ficavam na calçada, contando histórias, bebericando vinhos e se deliciando com bolo de fubá, canjica, milho assado. Nós, crianças, jogávamos uma argola aqui, pescávamos uma prenda ali, e explodíamos estalinhos. Em seguida, íamos olhar a fogueira de perto e desafiar o fogo: encostar o dedo, queimar gravetos, atirar folhas.

O tempo passava sem pressa até chegar um dos momentos mais mágicos: o dos fogos de artifício. As crianças seguravam seus palitos e os adultos acendiam. De repente, cada um de nós fazia chover estrelas.

Essas mesmas estrelas cobriram o céu inteiro ontem à noite. Enquanto as bandeirinhas do quiosque me avisavam que era dia de São João, elas despontavam do meu coração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *